domingo, 11 de outubro de 2009

Invasão de Verge (parte 1)


Na cidade a Irmandade pôde descansar por dois dias e se recuperar de seus ferimentos após a conturbada viagem de volta de Luln para Verge. Na manhã do terceiro dia já estavam perambulando pelas tortuosas e apinhadas ruas do comércio da vila, cada qual para seu canto, respirando os novos ares que a primavera trazia e permitindo que seus pensamentos vagassem sem compromisso, após as acerbadas batalhas que vivenciaram em Luln contra o dragão branco Raldsgrym, durante a viagem contra o bando de bugbears, na casa assombrada contra aquelas abominações não-vivas e na floresta contra aquelas coisas horrendas. Talvez algum deles, em seu âmago, afirmasse que esta última foi a luta mais difícil.

Por volta das onze horas, apenas Jocasta, Kalroth e Par Thanar caminhavam juntos pelo largo da praça, ponderando se partiam para Threshold encontrar o Capitão Blotomus para uma nova viagem a Porto Livre ou se prolongavam suas férias. O céu permanecia nublado, como é comum durante todo o inverno, mas já soprava o fresco vento da primavera, balançando as árvores que acordavam para uma nova vida. As pessoas caminhavam apressadas com suas obrigações e poucos gastavam olhares de recordação para os amigos caminhando sem compromisso. Os outros membros do grupo haviam saído desde cedo impacientes com o confinamento da recuperação. Não se pode enclausurar por muito tempo dois bárbaros e um ladino, em especial Nikolai...

Ao retornarem à estalagem, haviam decidido retornar à Threshold, mas não partir imediatamente com Blotomus caso fosse necessário. Iriam permanecer pelo menos mais duas semanas para novos treinamentos, pesquisas, etc. Depois decidiriam para onde ir. Inconscientemente todos sabiam que necessitavam de um pouco mais de tempo consigo mesmos para assimilar os últimos acontecimentos, principalmente o confronto com o dragão. Eles sabiam quando escolheram que a vida de um aventureiro era uma senda muito árdua e espinhosa, mas somente depois dos últimos acontecimentos é que realmente perceberam que a possibilidade da morte era uma possibilidade real e muito provável de acontecer.

Um pouco mais tarde, quando desciam para o almoço, viram um grupo de homens que conversavam defronte a uma janela, intrigados e nervosos falando e gesticulando para o lado de fora. Os outros do grupo ainda não haviam retornado. Se bem os conheciam, provavelmente nem mesmo voltariam hoje. Aproximando-se, perceberam que os homens estavam observando uma nuvem de poeira que se levantava ao longe, na direção nordeste da vila e que avançava em direção desta, mesmo contra o vento que soprava leve. Havia preocupação no tom de voz e nos olhares de todos, como se um mal conhecido e há muito superado retornasse para assombrar suas casas e alterar a rotina tranqüila de suas vidas. Indagando um deles que se apressava para sair, o homem informou: "Achamos que são orcs, como das outras vezes".

Os primeiros orcs já haviam invadido a cidade causando pânico e confusão, destruindo e matando tudo e todos que encontravam pela frente, quando Jocasta, Kalroth e Warlock chegaram ao centro da praça preparados para o combate iminente com suas armaduras e armas em punho. Kalroth espraguejava indagando-se onde estavam os outros que ainda não haviam chegado. Sem eles o confronto seria muito mais duro. A multidão da praça corria desesperada para todos os lados deixando para trás suas mercadorias, retornando as suas casas com urgência no intuito de salvarem suas famílias... se possível. Muitos caíam mortos atingidos pelas costas sem clemência pelos orcs enfurecidos com seus machados pesados e tragicamente dedicavam seus últimos pensamentos a suas famílias desprotegidas à mercê de monstros sem piedade.

A praça já se encontrava totalmente tomada pela legião de orcs que não parava de avançar cada vez mais. Os guardas da cidade tentavam detê-los, liderados pelo seu bravo capitão. Derrubavam dois, três, mas muitos não suportavam a investida massiva dos humanóides. O trio da Irmandade combatia ferozmente. Jocasta avançando em meio aos orcs derrubava vários ao se redor com fortes golpes de sua espada longa. No início, ao verem uma mulher de armadura e empunhando uma espada, os orcs riram e avançaram sobre ela como que disputando um prêmio. Arrependeram-se, foram os primeiros a cair, formando aos seus pés uma pilha de corpos fétidos e ensangüentados e desencorajando os outros de se precipitarem tão rápido contra a brava guerreira.

Uma segunda legião avança agora liderada por três grandes orcs montados em cavalos selvagens. Escuta-se ao longe o ribombar de tambores tribais num ritmo lento e compassado, prenunciando novos desafios que logo se confirmam na forma de três trols imensos que avançam rápido e desajeitadamente. Os três companheiros vêem incrédulos o avanço do reforço inimigo e suas esperanças se dissipam juntamente com suas energias. Somente um milagre para salvá-los da morte certa, pois sabiam que não chegaria nenhum auxílio grande o suficiente a tempo de rechaçar os orcs e evitar a queda da cidade.

A segunda legião logo já estava no centro da praça. Muitos invadiam as casas e lojas, destruindo tudo pela frente, jogando coisas pelas janelas, arrastando as pessoas para fora e matando-as impiedosamente em meio a gritos e risos de euforia. Os trols, tão violentos, atacavam até mesmo alguns orcs que por eles passavam, em sua fúria assassina e insaciável apetite devorador, rugindo e balançando os braços desajeitadamente sempre socando alguém que se aproximasse muito. Jocasta então, avança numa investida impetuosa contra um dos trols abrindo caminho com a poder de sua espada mágica por entre os orcs que se atreviam a cruzar o seu caminho. Logo este trol cairia morto ao chão, retalhado por várias sequências de pesados golpes, sem ao menos ter tempo para regenerar sua carne eternamente podre. Mas, não sem antes causar alguns ferimentos a Jocasta com suas garras cortantes semelhantes ao aço. Ferimentos estes ignorados devido a adrenalina e ao frenesi do combate, mas que ao longo da batalha se mostrariam graves.

Warlock vendo a nova turba de grotescos monstros que avança em sua direção inicia a execução de uma prece divina aguardando, confiante em seu imortal Halav e concentrado em meio ao furor da batalha ao seu redor, o efeito devastador que surgiria de seu conjuro. Quase alcançando o clérigo de Halav, os orcs tentam refrear sua investida ao perceber que com um movimento dos braços do clérigo em sua direção, o ar ao redor de Warlock começa a condensar e formar longos fragmentos de gelo que impulsionados por um forte deslocamento de ar frio avançam em direção dos orcs pasmos, que pressentem que aquilo não será agradável como a neve do inverno nas montanhas onde habitam. O desespero aumenta quando os orcs das primeiras filas começam a gritar e o sangue jorra em todas as direções. Longas e perfurantes espadas de gelo mortal atravessam os corpos e armaduras dos orcs apavorados que tentam se dispersar, trombando uns nos outros e sem conseguir evitar o destino fatal. As espadas de gelo seguem seu caminho, impiedosas, derrubando todos que encontram pela frente. Apavorados, alguns saem gravemente feridos e outros até mesmo conseguem escapar, mas a poderosa magia de destruição em massa de Warlock e letal para muitos. Mais de cinqüenta orcs jazem no chão vitimados pela chuva de espadas de gelo e um imenso buraco se abre entre o clérigo e o exército invasor que agora teme atacá-lo.

O Rei Stefan Karameikos

A história do rei Stefan Karameikos está profundamente ligada a das terras que levam o seu nome. O Monarca recebeu o nome em homenagem a um tio já falecido e, se tivesse mantido suas conexões com o reino de Thyatis, seria hoje conhecido como Grão-Duque Stefan III. Por ser o primeiro governante da nação de Karameikos, Stefan abandonou o complemento ‘III’.

Nascido em 948 DC (depois do cataclismo). Em 970 DC assume o comando do grão-ducado de Karameikos. No ano de 979 DC, casa-se com Lady Olívia Prothemian (hoje Rainha) e em 1006 DC, declara Karameikos uma nação independente. Ele e a Rainha Olívia têm três filhos: Adriana, nascida em 980 DC, Justin, nascido em 982 e Valen, nascido em 986 DC.

O rei demonstra suas emoções mais profundas somente aos membros de sua família e aos amigos mais íntimos. Seu discurso é áspero e seus comentários francos e intransigentes. Os julgamentos que profere nas audiências, às vezes, não são agradáveis, mas demonstram imparcialidade. O povo o admira e o considera um homem severo, porém justo.

Infelizmente, o rei é incapaz de lidar com a maldade – ele não compreende como alguém pode optar por esse caminho. Ele adiou ao máximo a intervenção da Coroa no caso de seu primo Ludwig Von Hendriks – o ex-Barão da Águia Negra, que saqueou o baronato de mesmo nome –, esperando que tudo se resolvesse, como se fosse uma fase passageira. Em geral, quando está lidando com uma pessoa, cujas motivações se originam do mal ou da loucura, o rei se vê em desvantagem, pois não consegue perceber os reais objetivos dos vilões.

O Rei Stefan é um homem de meia idade. Sua estatura e de 1,75 metros e seu corpo é musculoso. Os cabelos, barba e bigode são ruivos e já apresentam algumas mechas grisalhas. Seus olhos são azuis como o mar. Diferente de outros governantes de formação militar, o rei sente-se bem com qualquer tipo de roupa, e veste-se de acordo com a ocasião. Na corte, usa trajes vistosos e caros. Quando em caçada, veste algo simples, adequado para montar, em batalha, prefere armaduras de construção confiável e sólida.

O poder do Rei Stefan e de sua família é grande em Karameikos. Ele é tido por seu povo como inteligente e sábio, apesar de cometer alguns erros propositais com certa freqüência. Independente de suas raízes, o povo de Karameikos adotou a família de Stefan como a Família Real, e sua Majestade espera que todo o clã se comporte à altura dessa responsabilidade, do respeito e da admiração dos plebeus. O monarca possui um fiel compromisso com a tradição, o dever e a responsabilidade para com sua linhagem nobre, e, freqüentemente, são visto como um conservador intransigente pelas pessoas que querem mudanças imediatas no reino.

A Família Real.